segunda-feira, 29 de julho de 2013

A mestria da crise

Crise… a palavra mais gasta dos últimos tempos! Mas será que só traz coisas más?

 Na verdade, qualquer crise, independentemente da sua natureza, tem sempre algo para nos ensinar… mesmo que não nos consigamos aperceber disso. TUDO o que nos acontece ensina-nos sempre algo, seja crise ou não… mas a crise, em particular, dá-nos oportunidades extraordinárias de crescimento interior, pena que isso interesse a muito poucos.

Quando o dinheiro começa a escassear está simplesmente a obrigar-nos ao desapego material e a cingir-nos ao essencial… quantas vezes não demos por nós pensar no dinheiro mal gasto em determinadas coisas… muito provavelmente da próxima vez que formos às compras, pensaremos duas vezes antes de comprar algo do mesmo género. Sempre que queremos comprar algo devermos perguntar sempre a nós próprios – preciso REALMENTE disto?

A verdade é que, por muito que o panorama económico possa ter influenciado, a situação de crise a que chegaram muitas famílias poderia ter sido minorada, se não tivessem vivido durante muito tempo acima das suas possibilidades, com dinheiro alheio. A febre do consumismo pode levar as dívidas, muitas vezes impossíveis de saldar. E depois temos crianças na escola com fome, com pais endividados… mas o curioso, é que muitos deles não largam o cigarrinho da mão… o preço de um maço de tabaco dava para fazer uma boa refeição para o filho!

Os telemóveis topo de gama (até estes pagos a prestações, acabando por custar o dobro ou triplo do seu valor!), os ténis e as roupas de marca, o carro, a casa numa zona de prestígio… tudo isto que muitos, mesmo sem dinheiro, não querem abdicar… nem que para isso falte comida à mesa. Se for preciso passam fome para manter todos estes luxos, nem que seja apenas para não sucumbir à vergonha de pobreza perante os vizinhos… não há vergonha em ser pobre. Não é vergonha pedir ajuda. Vergonha é ser-se orgulhoso e dar prioridade e importância a coisas supérfluas, e por causa delas, prejudicar o bem-estar e as necessidades básicas.

Enquanto as pessoas não largarem vícios, e não reverem as suas prioridades, existirá muita crise que poderia ser amenizada.

A crise é isso mesmo… uma crise de tema, que tem pano para mangas, mas que agora fica por aqui... Não esquecendo que esta é, igualmente, uma realidade que apela à solidariedade e à consciência da sociedade.

domingo, 7 de julho de 2013

A mochila da vida traz sempre… sucessos e fracassos

 
A vida é feita de sucessos e fracassos. Os sucessos dão-nos força e alegria para seguir em frente. Os fracassos fazem-nos parar para pensar, e são preciosas oportunidades de aprendizagem e crescimento pessoal. Sim, não crescemos apenas com o sucesso. Lidar com o fracasso desenvolve as nossas capacidades de reflexão e resiliência. Os fracassos só se tornam entraves quando não são refletidos, e constantemente repetidos. É nestas alturas que devemos parar e perguntar: o que não está a funcionar? O que estou sempre a repetir? O que devo mudar?
Por vezes, trazemos na mochila da vida tantos fracassos, quanto sucessos, contudo, os fracassos pesam sempre mais. E com eles pesam também as inseguranças e os medos, que nos levam muitas vezes a fugir das situações que entendemos como possíveis desencadeadoras de fracasso. No entanto, não nos apercebemos que fugir dos fracassos, significa fugir dos sucessos. Fugir significa não viver.
Em último caso, o fracasso é sempre garantido, e a boa notícia é que não vem sozinho: traz sempre algures um alarme como forma de alerta para algo de errado, e que não estamos a conseguir ver… e, na maioria das vezes, a única razão desse alarme se ligar, é simplesmente o facto de nos entregarmos a  pensamentos negativos e de falta de auto-confiança!

Ensinamentos com humor

" Certa noite, Rabya, uma famosa mística sufi, estava à procura de uma coisa na rua à frente da sua cabana. O sol estava a pôr-se e, pouco a pouco, fez-se noite. Algumas pessoas juntaram-se à sua volta e perguntaram-lhe:

- O que estás a fazer? O que é que perdeste? O que procuras?

Ela respondeu:

- Perdi a minha agulha.

As pessoas disseram-lhe:

- Agora o sol está a pôr-se e vai ser muito difícil encontrar a tua agulha, mas podemos ajudar-te. Onde é que a perdeste, ao certo? É que a rua é bastante grande e a agulha é pequena. Se soubermos exactamente onde a perdeste, será mais fácil encontrá-la.

Rabiya respondeu:

- É melhor nem perguntares isso, porque na verdade, eu não a perdi aqui na rua, perdi-a dentro de casa.

As pessoas começaram a rir e disseram:

- Nós bem pensámos que tu eras um bocadinho maluca! Então, se perdeste a agulha dentro de casa, porque é que estás a procurar cá fora?

Rabiya disse:

- Por uma razão muito simples e muito lógica: porque em minha casa está escuro e cá fora ainda há alguma luz.

As pessoas riram-se e começaram a afastar-se. Rabiya chamou-as de volta e disse:

- Escutem! É isto mesmo que vocês estão a fazer; eu estava apenas a seguir o vosso exemplo. Vocês estão sempre a procurar o êxtase no mundo exterior sem fazerem a pergunta primordial: onde é que se perderam? Eu respondo: vocês perderam-se no interior. Vocês estão à procura no exterior por uma razão muito simples e lógica: porque os vossos sentidos se abrem ao exterior onde ainda há alguma luz. Os vossos olhos vêem para o exterior, os vossos ouvidos escutam para o exterior, as vossas mãos tocam no exterior; é por isso que vocês buscam no exterior. Mas eu digo-vos que o que vocês buscam não está no exterior – garanto-vos por experiência própria. Eu também andei em busca no exterior durante muitas, muitas vidas e, no dia em que olhei para o interior fiquei surpreendida. Não precisava de procurar mais; aquilo que eu buscava estivera sempre dentro de mim."





(in "Alegria" by Osho)