sábado, 9 de outubro de 2010

O céu em nós

Hoje o meu céu esteve muito carregado. Choveram tempestades, dispararam-se relâmpagos, soaram trovões. No entanto, não corria um único fio de vento capaz de levar para longe essas nuvens negras do meu céu. Um céu ansioso por ser inundado de raios de luz. Nuvens negras que teimavam em pairar sobre mim, nuvens de insegurança, nuvens de desesperança, nuvens de medo... nuvens, nuvens e mais nuvens! Como fazê-las ir embora? Talvez mandá-las embora não resulte pois mais tarde outros ventos poderão trazê-las de novo... Talvez dissipá-las seja a melhor solução. Como fazer isso, se elas parece que estão coladas ao céu e se adensam cada vez mais? Quanto mais tento ver através delas mais escuro fica... tento encontrar uma mão que as trespasse e me puxe de novo para a luz do sol. Espero e desespero... não posso esperar mais! Luto contra elas até que... por entre elas surge uma mão que agarra a minha... mas... esta mão é-me familiar... é minha! A minha mão agarra a minha e ergue-me acima de todos as nuvens, rumo a um universo esplendoroso de oportunidades e possbilidades. O sol brilha e eu brilho através dele.As nuvens ficaram para trás... não as mandei embora, simplesmente dissiparam-se porque não lhes dei mais atenção. 

Quando esperamos que alguém limpe o nosso céu de nuvens tempestuosas... esperamos em vão. O alguém que nos vai erguer de novo somos nós. Não somos dependentes dos outros, somos auto-suficientes. Basta apenas acreditarmos em nós. 
 

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Humildade precisa-se!

Poderia bem ser um anúncio de jornal... quantos responderiam? Acredite que muitos, pois a humildade é uma virtude que só fica bem e todos querem mostrar que a têm. É como quando alguém compra uns ténis da nike na feira para mostrar as posses que na verdade não tem. O que interessa é a imagem que se passa ao mundo e não o que realmente se é. A verdadeira humildade é fácil de identificar e a falsa humildade é fácil de desmascarar. Ninguém consegue fingir por muito tempo... a máscara da humildade acabará por cair mais cedo ou mais tarde. E os menos humildes são aqueles que apregoam a sua "humildade". O verdadeiro humilde nada apregoa. Mas o que é a humildade afinal? Não é de certo algo que se compre no supermercado ou na farmácia... não é a virtude dos fracos, não é de modo algum a qualidade dos orgulhosos. A humildade é simplesmente o reconhecimento da verdade pura da nossa condição humana, que projecta uma realidade de seres únicos isentos de qualquer categorização de seres superiores ou inferiores. Seres capazes de reconhecer erros, de admitir fraquezas, sem medo de qualquer fantasma de humilhação. Seres que nem sequer percebem o porquê de vangloriar qualidades, porque para eles basta serem para mostrar quem são.

Muitos são aqueles que o mundo vangloria como se fossem deuses... donos de empresas, "estrelas" de cinema e de futebol.... um mundo que os faz sentir mais do que aquilo que pensam que são. Posições que dão um falso poder sobre quem são enquanto seres humanos. Posições os que os fazem perder o respeito pelos outros. Posições que transbordam ganância, protagonismo, egoísmo, obsessão... mas... felizmente há raras excepções que, apesar de tudo, não se deixam corromper por esse pseudo-poder e nos podem mostrar o que é a humildade. É por essas excepções que escrevo, com uma esperança meia utópica de que num futuro a excepção se torne a regra.

A minha reflexão...

E lembrar que todo este tema surgiu por causa de uma professora da faculdade... já lá vão quase quatro anos que lá ando e nunca vi nenhum professor reconhecer e contar perante os alunos os seus fracassos e os seus erros enquanto profissional. Penso que isso dá-nos um grande contributo para o futuro e mostra ao mundo como é como pessoa. De facto fiquei feliz por existirem pessoas assim a ensinar-nos, pois até agora andava muito desiludida... parece que o conhecimento sobe à cabeça das pessoas tentando fazer com que que as outras sejam menos que elas... para essas pessoas aconselho-as a adoptar vivamente uma das frases mais humildes que conheço...

 "Só sei que nada sei." (Sócrates)

Ensinamentos com humor

" Certa noite, Rabya, uma famosa mística sufi, estava à procura de uma coisa na rua à frente da sua cabana. O sol estava a pôr-se e, pouco a pouco, fez-se noite. Algumas pessoas juntaram-se à sua volta e perguntaram-lhe:

- O que estás a fazer? O que é que perdeste? O que procuras?

Ela respondeu:

- Perdi a minha agulha.

As pessoas disseram-lhe:

- Agora o sol está a pôr-se e vai ser muito difícil encontrar a tua agulha, mas podemos ajudar-te. Onde é que a perdeste, ao certo? É que a rua é bastante grande e a agulha é pequena. Se soubermos exactamente onde a perdeste, será mais fácil encontrá-la.

Rabiya respondeu:

- É melhor nem perguntares isso, porque na verdade, eu não a perdi aqui na rua, perdi-a dentro de casa.

As pessoas começaram a rir e disseram:

- Nós bem pensámos que tu eras um bocadinho maluca! Então, se perdeste a agulha dentro de casa, porque é que estás a procurar cá fora?

Rabiya disse:

- Por uma razão muito simples e muito lógica: porque em minha casa está escuro e cá fora ainda há alguma luz.

As pessoas riram-se e começaram a afastar-se. Rabiya chamou-as de volta e disse:

- Escutem! É isto mesmo que vocês estão a fazer; eu estava apenas a seguir o vosso exemplo. Vocês estão sempre a procurar o êxtase no mundo exterior sem fazerem a pergunta primordial: onde é que se perderam? Eu respondo: vocês perderam-se no interior. Vocês estão à procura no exterior por uma razão muito simples e lógica: porque os vossos sentidos se abrem ao exterior onde ainda há alguma luz. Os vossos olhos vêem para o exterior, os vossos ouvidos escutam para o exterior, as vossas mãos tocam no exterior; é por isso que vocês buscam no exterior. Mas eu digo-vos que o que vocês buscam não está no exterior – garanto-vos por experiência própria. Eu também andei em busca no exterior durante muitas, muitas vidas e, no dia em que olhei para o interior fiquei surpreendida. Não precisava de procurar mais; aquilo que eu buscava estivera sempre dentro de mim."





(in "Alegria" by Osho)