quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Será que o perdão tem limites?

Hoje vou obrigá-lo a um retrocesso algo doloroso… um retrocesso apenas virado para simples palavras.

Em toda a nossa vida já ouvimos coisas boas e outras menos boas. Das menos boas, há alguma que tenha insistido em pairar constantemente no seu pensamento? Alguma que, de alguma forma o tenha limitado?

Pois eu hoje lembrei-me de quatro simples palavras que juntas criaram uma frase suficientemente poderosa para me impedirem de levantar durante anos, que me fizeram querer acabar com tudo… e em segundos  conseguiram derrubar-me novamente, a uma velocidade estonteante  que me fez chorar até perder o fôlego, que me fez chorar como se tivessem sido ditas agora… e com estas palavras surgem muitas outras que fui ouvindo ao longo da minha existência, como se tivesse a desenrolar um novelo sem fim… devo ter fechado mal o baú das recordações ou então ele atingiu o seu limite e decidiu abrir-se sozinho.

É nestas alturas em que pensamos que o nosso cérebro deveria ter algures uma opção qualquer como um computador que pudéssemos formatar. Mas o cérebro é o sistema mais avançado do Universo e o Homem jamais conseguirá fazer algo semelhante.

Como podem simples palavras ter a capacidade de nos bloquear? De alterar todo o nosso sistema electro-químico ao ponto de nos levar à depressão? Não nos injectaram nenhuma substância química, não nos deram nenhuma maçã envenenada… deram-nos apenas palavras… palavras que não queríamos ouvir, palavras que não estávamos preparados para ouvir.

É por isso que temos de retroceder para poder esvaziar o baú (e não digo fechar de novo porque mais tarde ou mais cedo abrir-se ia de novo)… é necessário recuar para perdoar. Perdoar a quem nos ofereceu “gentilmente” tais palavras monstruosas e perdoar-nos a nós por as termos aceite e guardado no baú. Somos livres de aceitar ou não o que os outros nos dizem e não temos de nos identificar com isso ao ponto de irmos guardando tudo e ir usando para alimentar a nossa tristeza.

Depois de um abalo estonteante provocado por uma frase que me foi dita há anos e depois das lágrimas terem secado… percebi que ainda não tinha perdoado e que o melhor seria fazê-lo o quanto antes ou o meu corpo iria detestar gastar água em lágrimas desnecessariamente.

De súbito uma dúvida assolou-me… será que vou conseguir perdoar sempre? Será que o perdão tem limites? Novamente me acalmei, pois o perdão só pode ser infinito, se não andaríamos todos com um baú carregadíssimo às costas… e as conversas seriam sempre à volta do mesmo:

- Então quanto pesa hoje o teu baú? Conseguiste livrar-te de alguma coisa?

- Não amigo, apenas consegui juntar mais entulho desde ontem. 

Por isso perdoe. Perdoar é libertar-se. E quanto mais se libertar mais leve se sentirá… e caso lhe seja um pouco difícil, deixo-lhe aqui as dicas do método de sedona:

(pense em algo que o enerve, que o chateie... enfim em  algo que lhe desalinhe os chacras!)

Quando se estiver a sentir possuído por isso, faça 3 perguntinhas simples…

1 - Poderia eu não me chatear com isto?

2 - Fá-lo-ia?

3 - Quando?

Eis as respostas aceitáveis…

1 - Claro que sim!

2- Claro que sim!

3- AGORA

1 comentário:

Reflexões

Ensinamentos com humor

" Certa noite, Rabya, uma famosa mística sufi, estava à procura de uma coisa na rua à frente da sua cabana. O sol estava a pôr-se e, pouco a pouco, fez-se noite. Algumas pessoas juntaram-se à sua volta e perguntaram-lhe:

- O que estás a fazer? O que é que perdeste? O que procuras?

Ela respondeu:

- Perdi a minha agulha.

As pessoas disseram-lhe:

- Agora o sol está a pôr-se e vai ser muito difícil encontrar a tua agulha, mas podemos ajudar-te. Onde é que a perdeste, ao certo? É que a rua é bastante grande e a agulha é pequena. Se soubermos exactamente onde a perdeste, será mais fácil encontrá-la.

Rabiya respondeu:

- É melhor nem perguntares isso, porque na verdade, eu não a perdi aqui na rua, perdi-a dentro de casa.

As pessoas começaram a rir e disseram:

- Nós bem pensámos que tu eras um bocadinho maluca! Então, se perdeste a agulha dentro de casa, porque é que estás a procurar cá fora?

Rabiya disse:

- Por uma razão muito simples e muito lógica: porque em minha casa está escuro e cá fora ainda há alguma luz.

As pessoas riram-se e começaram a afastar-se. Rabiya chamou-as de volta e disse:

- Escutem! É isto mesmo que vocês estão a fazer; eu estava apenas a seguir o vosso exemplo. Vocês estão sempre a procurar o êxtase no mundo exterior sem fazerem a pergunta primordial: onde é que se perderam? Eu respondo: vocês perderam-se no interior. Vocês estão à procura no exterior por uma razão muito simples e lógica: porque os vossos sentidos se abrem ao exterior onde ainda há alguma luz. Os vossos olhos vêem para o exterior, os vossos ouvidos escutam para o exterior, as vossas mãos tocam no exterior; é por isso que vocês buscam no exterior. Mas eu digo-vos que o que vocês buscam não está no exterior – garanto-vos por experiência própria. Eu também andei em busca no exterior durante muitas, muitas vidas e, no dia em que olhei para o interior fiquei surpreendida. Não precisava de procurar mais; aquilo que eu buscava estivera sempre dentro de mim."





(in "Alegria" by Osho)