domingo, 26 de setembro de 2010

Só a escola da vida nos ensina

Ninguém nos ensinou a lidar com a rejeição, com o desprezo, com a traição, com a raiva, com a adversidade… ninguém nos ensinou a lidar com toda a panóplia de emoções que tentamos diariamente conjugar.

Quase duas décadas de escola e… nada de útil que nos possa ajudar no dia-a-dia,  algo que possamos aplicar e ver resultados, algo que possamos dizer que tenha valido a pena aprender. Tanto conhecimento embutido em nós durante anos parece ter-se dissipado tão ou mais depressa do que como e quando foi adquirido…  e porque é que muito desse conhecimento se foi? Porque não lhe demos uma utilidade prática… na verdade  nem tinha nenhuma utilidade prática para nós. Tantas foram as feridas que tiveram de sarar sozinhas, tantas são as feridas que continuam abertas porque não sabemos como as sarar. De nada nos valeu o conhecimento adquirido na escola. Em nada encaixa na resolução das nossas emoções. Tivemos de aprender sozinhos, tivemos de aprender a todos o custo e… mesmo que não tenhamos aprendido, a vida encarregar-se-á de nos fazer passar pelas mesmas provações, concedendo-nos mais uma oportunidade de aprendizagem. Há aprendizagens que só se fazem por meio da experiência e é por isso que, para mim, a experiência é a grande mestre da vida. Acredito que todos os acontecimentos da vida trazem sempre um ensinamento, ensinamento esse que nem sempre é fácil de decifrar. E se na vida as situações se repetem, serão apenas uma forma de avaliação para vermos se aprendemos a lição.

Por tudo o que passámos até hoje, por tudo o que estamos a passar, por tudo o que iremos passar… nada mais são do que lições da escola da vida, cujo único e singelo fim é tornar-nos mais evoluídos enquanto seres humanos.




terça-feira, 14 de setembro de 2010

Verdadeiro ou falso?

“Os amigos são a família que podemos escolher”…  eu diria que é um cliché que nem sempre reflecte as melhores escolhas.

Tantas foram as vezes que confiámos naquela pessoa, alguém aparentemente leal, verdadeiro, quase perfeito… em suma, um amigo para a vida. No entanto, há aqueles sinais que insistimos em negar, em não querer ver, que aparecem constantemente para nos deixar com a pulga atrás da orelha. Uma mentira aqui, uma mentira ali, um sorriso que parece forçado… até que um dia, o castelo que alberga essa amizade se desmorona. Era apenas um castelo de areia que se desfez num rol de mentiras, falsidades e inveja.

Da teoria à prática… quantas vezes não nos sentimos com vontade de partilhar a nossa felicidade em determinado momento? Não com o intuito de provocar inveja… queremos pura e simplesmente partilhá-la com quem julgamos que também ficará feliz por isso. É muitas vezes nestas alturas que nos apercebemos (pelo nosso sexto sentido ou lá o que lhe queira chamar) que essa pessoa não gosta assim tanto de nós. Dos olhos saltam faíscas invisíveis de… nem sei o que lhe chame, se ódio ou inveja…  um olhar que contradiz com um sorriso falseado. Parece que, no fundo, não nos deseja que aconteça algo que nos deixe nas nuvens. Para além desta máscara mal disfarçada, essa pessoa ainda é capaz de lançar algumas palavras subtilmente belas, mas com um toque final de maldade numa tentativa de aniquilar o motivo da nossa felicidade. É no fundo, uma tentativa de diminuir a importância da nossa felicidade e também uma tentativa camuflada de a diminuir. Aqui começam a cair os primeiros grãos de areia do castelo.

Acontece também muitas vezes que, certa a pessoa a quem chamamos amiga, tenta  destruir-nos  num “bota abaixo” mais ou menos frequente, ou passa o tempo todo a exibir-se,  reflectindo não mais do que uma necessidade constante de se mostrar e sentir superior.

Enfim… são inúmeras as situações que nos fazem desconfiar da verdade e da sinceridade de uma amizade. Não temos de nos fazer de cegos por receio da solidão. A solidão é a oportunidade que nos foi concedida para nos conhecer-mos. Não temos  de estar preenchidos por fora, porque isso não nos preencherá por dentro.

E desengane-se aquele que pensa que amizade é sinónimo de estar sempre junto. Não é. Nem sempre os que estão sempre connosco serão os verdadeiros. O sentimento puro da amizade é algo que transcende o que é visível, é simplesmente um sentimento que é livre de cobranças e mendicidades.

Chegou a hora de distinguir o verdadeiro do falso, de abrir os olhos para a realidade. Esqueça a amizade que lhe traz sofrimento e não a mantenha apenas porque é uma amizade de infância. Isso é apenas comodidade e fachada. Destrua essa fachada, liberte-se  das amarras dessa amizade… não a mantenha apenas por temor à solidão. Há milhões e milhões de pessoas no mundo para serem conhecidas… e ninguém impôs um número máximo de castelos para construir. Mas lembre-se: mais vale poucos e sólidos, do que muitos, capazes de se desmoronar com o primeiro sopro de vento.

A verdade da amizade transcende qualquer barreira imposta pela inveja da felicidade alheia. Na verdadeira amizade não existem verdades dolorosas capazes de fazer qualquer grão de areia abandonar o castelo. É areia que se transforma em pedra. É pedra que se transforma em rocha. Jamais algum vento derrubará tão magnífica obra. A obra das relações humanas.



Ensinamentos com humor

" Certa noite, Rabya, uma famosa mística sufi, estava à procura de uma coisa na rua à frente da sua cabana. O sol estava a pôr-se e, pouco a pouco, fez-se noite. Algumas pessoas juntaram-se à sua volta e perguntaram-lhe:

- O que estás a fazer? O que é que perdeste? O que procuras?

Ela respondeu:

- Perdi a minha agulha.

As pessoas disseram-lhe:

- Agora o sol está a pôr-se e vai ser muito difícil encontrar a tua agulha, mas podemos ajudar-te. Onde é que a perdeste, ao certo? É que a rua é bastante grande e a agulha é pequena. Se soubermos exactamente onde a perdeste, será mais fácil encontrá-la.

Rabiya respondeu:

- É melhor nem perguntares isso, porque na verdade, eu não a perdi aqui na rua, perdi-a dentro de casa.

As pessoas começaram a rir e disseram:

- Nós bem pensámos que tu eras um bocadinho maluca! Então, se perdeste a agulha dentro de casa, porque é que estás a procurar cá fora?

Rabiya disse:

- Por uma razão muito simples e muito lógica: porque em minha casa está escuro e cá fora ainda há alguma luz.

As pessoas riram-se e começaram a afastar-se. Rabiya chamou-as de volta e disse:

- Escutem! É isto mesmo que vocês estão a fazer; eu estava apenas a seguir o vosso exemplo. Vocês estão sempre a procurar o êxtase no mundo exterior sem fazerem a pergunta primordial: onde é que se perderam? Eu respondo: vocês perderam-se no interior. Vocês estão à procura no exterior por uma razão muito simples e lógica: porque os vossos sentidos se abrem ao exterior onde ainda há alguma luz. Os vossos olhos vêem para o exterior, os vossos ouvidos escutam para o exterior, as vossas mãos tocam no exterior; é por isso que vocês buscam no exterior. Mas eu digo-vos que o que vocês buscam não está no exterior – garanto-vos por experiência própria. Eu também andei em busca no exterior durante muitas, muitas vidas e, no dia em que olhei para o interior fiquei surpreendida. Não precisava de procurar mais; aquilo que eu buscava estivera sempre dentro de mim."





(in "Alegria" by Osho)